O vegetarianismo na Índia data de milênios e está fortemente enraizado nas práticas religiosas do país. Tanto o hinduísmo quanto o jainismo e budismo possuem preceitos que valorizam o não consumo de carne por motivos espirituais e kármicos.
A importância da dieta vegetariana no país é facilmente percebida pela classificação alimentar em vegetariano e não-vegetariano, sendo que o percentual de adeptos gira em torno de 23% a 37%, dependendo inclusive das épocas do ano e datas religiosas nas quais o vegetarianismo é incentivado e praticado mais amplamente.
Influência religiosa
Apesar de ser um mito que o país seria inteiramente vegetariano, a Índia é de fato o país com maior número de vegetarianos no mundo. Historicamente, o Jainismo, uma das religiões do país, prega o lacto-vegetarianismo e o veganismo para seus adeptos, enquanto no Hinduísmo e Budismo tais práticas não são obrigatórias, apesar de encorajadas.
O movimento Sramana, baseado no asceticismo, que se iniciou no século VI a.C., também teve influência sobre os hábitos alimentares do subcontinente indiano em sua época.
As religiões, como o Hinduísmo, a principal do país, guardam ainda datas onde o vegetarianismo e o jejum são adotados por um determinado período, indo de alguns dias até semanas. No Hinduísmo, a vaca é um dos animais tidos como sagrados e o consumo de sua carne é proibido, inclusive por meio de leis no país.
No Jainismo, o conceito de ahimsa (não-violência) está fortemente ligada à prática vegetariana, o que faz dessa religião a única onde se exige de seus seguidores a adoção de um vegetarianismo estrito. A ahimsa não se aplica apenas ao consumo de carne, mas até mesmo aos vegetais que podem ou não ser ingeridos (raízes e tubérculos são evitados, pois ao ser colhido, a planta morre).
A classificação de alimentos dentro do sistema de Gunas (sattva, raja e tama), o qual está inserido na origem da Ayurveda e hoje está presente em todas escolas de pensamento no Hinduísmo, pode também ter favorecido as escolhas mais vegetarianas na alimentação.
Agricultura milenar
Há sete milênios antes da Era Comum, o Vale do Indo já era habitado e não demorou muito para que os humanos que viviam por lá começassem o plantio de espécies agrícolas, como o gergelim e a berinjela. Como uma das primeiras potências agrícolas da História, a Índia também deve à sua rica agricultura a prática vegetariana.
O cultivo de grãos é milenar e bastante diverso, possuindo extensa variedade de leguminosas e sementes como lentilhas, grãos-de-bico, feijões, ervilhas, arroz e aí por diante, o que facilitou a adoção de dietas baseadas em vegetais. Com um clima bastante favorável, legumes, verduras e grãos podiam ser cultivados e colhidos ao longo do ano todo.
Atualmente, a Índia é um dos maiores produtores de grãos e sementes do mundo, ficando muitas vezes em primeiro lugar no ranking de produção. Sem falar da variedade imensa de cultivos, dificilmente encontrada da mesma forma em outros países. O terroir indiano é essencial no vegetarianismo local e traz elementos únicos para a culinária indiana.
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